terça-feira, 4 de setembro de 2007

dez/2004
Publicado no jornal "22 toneladas" do C.A. "22 de agosto" na edição de junho de 2007

Eu sei que uma parte de mim é eterna
e ri das estralas que são tão jovens
e tão fugazes

Sei também que outra parte conhece todos os segredosda terra,
dos rios,
e daquilo tudo que não tem voz

Uma parte de mim só existe com você.
É miserável na solidão
e esplendida no teu reflexo

Outra parte minha quer se perder
Se lançar em abismos
só para sentir como é cair

Inconseqüência

Inconsciência

Uma vez me perguntaste quem era
E eu, habilmente,
apenas disse meu nome
Um nome que me deram, e não que encontrei

Mas se ainda a dúvida incita,
e se houvesse algo mais profundo que a cordialidade:
Eu sou muitas partes

Partes que querem existir por si só:
Partes egoístas que cancerígenam as outras
Partes mais simples e sinceras que não sabem o que querem
E partes fúteis que tudo querem

Se há em algum lugar em mim parte que te ame?
Existe tal que nem o mais singelo poema poderia traduzir

É isso que queres:
Ser amada.
Ou pelo menos uma de suas partes

Isso você pode ter
Mas isto sozinho nunca

Já lhe disse antes:
Amo você
Mas as conseqüências e extensões desta declaração
Que juro-te sincera
Reconheço não saber

O que sempre queremos é alguém tão bom ou mau como nós mesmos
Para que nos acaricie ou mal-trate na devida proporção
Porque não há julgamento no mundo mais justo do que o nosso próprio