quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Eu sou o fogo primevo de aquário

Eu sou a criança que abraça o mundo

Eu sou o olhar que descansa
e já é o que vê

Eu sou a emoção pura
A lágrima justa

Eu sou a matéria vezes a constante de luz ao quadrado

Eu sou o vazio
Eu sou a abundância

Eu sou aquele que está no espanto
e que não pode ser apagado pelo esquecimento

Eu sou flor irridescente

Eu sou o gesto

Eu sou o SIM
com a semente do não

Eu sou cachoeira
rio
mar

Eu sou pó de estrelas
e também seu brilho

Eu sou quele que se extende
e também se concentra num ponto impossível

Sou pai, filho e irmão
e feminino também

Sou eternas graças

Eu sou missão
Eu sou silêncio
Eu sou nada

terça-feira, 4 de setembro de 2007

dez/2004
Publicado no jornal "22 toneladas" do C.A. "22 de agosto" na edição de junho de 2007

Eu sei que uma parte de mim é eterna
e ri das estralas que são tão jovens
e tão fugazes

Sei também que outra parte conhece todos os segredosda terra,
dos rios,
e daquilo tudo que não tem voz

Uma parte de mim só existe com você.
É miserável na solidão
e esplendida no teu reflexo

Outra parte minha quer se perder
Se lançar em abismos
só para sentir como é cair

Inconseqüência

Inconsciência

Uma vez me perguntaste quem era
E eu, habilmente,
apenas disse meu nome
Um nome que me deram, e não que encontrei

Mas se ainda a dúvida incita,
e se houvesse algo mais profundo que a cordialidade:
Eu sou muitas partes

Partes que querem existir por si só:
Partes egoístas que cancerígenam as outras
Partes mais simples e sinceras que não sabem o que querem
E partes fúteis que tudo querem

Se há em algum lugar em mim parte que te ame?
Existe tal que nem o mais singelo poema poderia traduzir

É isso que queres:
Ser amada.
Ou pelo menos uma de suas partes

Isso você pode ter
Mas isto sozinho nunca

Já lhe disse antes:
Amo você
Mas as conseqüências e extensões desta declaração
Que juro-te sincera
Reconheço não saber

O que sempre queremos é alguém tão bom ou mau como nós mesmos
Para que nos acaricie ou mal-trate na devida proporção
Porque não há julgamento no mundo mais justo do que o nosso próprio

terça-feira, 31 de julho de 2007

O mesmo

- Sempre andei de elevador. Nada mais normal para alguém que nasceu numa cidade onde as pessoas, por engenharia e necessidade, têm que subir umas sobre as outras para alcançar o seu lugar ao sol.

Na verdade não tem nada errado com os elevadores, nem com as pessoas subindo umas sobre as outras. Não, nada disso! O problema é a LEI.

Com certeza vcs todos já viram aquelas plaquinhas que ficam ao lado do elevador com o imperativo categórico de: verificar se o mesmo encontra-se parado no andar.

O mesmo.

Mas que mesmo? Quem é esse tal?

Já pensei muito sobre o assunto, inclusive como faria para reconhecê-lo, dado que a lei não fornece tais critérios de identificação.

Daí me veio uma idéia preocupante: se o estado obrigou a colocar essas plaquinhas em todos os elevadores do mundo – para verificar se o mesmo estava lá ou não, então esse sujeito deve ser realmente muito perigoso. Tão perigoso, e mal por natureza, que dar sua descrição causaria o pânico na população ante a mera possibilidade da sua presença.

Mas é claro que isso é absurdo!

Então me veio um entendimento mais sutil, mas não menos aterrorizante: e se o mesmo, como entidade, pudesse assumir diferentes formas, de modo a ser impossível reconhece-lo? E se o mesmo fosse qualquer desconhecido, parado ao seu lado, esperando pra subir? E mais: em qualquer outro lugar que fosse estivesse lá ele de novo, travestido de outro desconhecido, mas sempre o mesmo?

Confesso que me satisfiz com essa explicação.

No começo é um pouco difícil dizer quem é o mesmo e quem são as pessoas normais. Ainda mais quando existe mais de um estranho. Nesses casos a outra pessoa normalmente está em concluio com o mesmo – mas é impossível dizer ao certo...

A verdade é que ele não é mau por natureza – como achava. Quase nunca se manifesta e tem o estranho hábito de ficar olhando os sapatos – o dele ou os meus. Muitas vezes é gentil, outras perfumado. Gosto particularmente quando assume forma de loiras siliconadas e tal.

É claro que eu não fico dando bandeira que eu sei que ele é o mesmo pq, apesar de parecer simpático, não sei das suas reais intenções, ainda mais pq nunca conversamos muito e, naturalmente, uma conversa entre o mesmo de um jeito e o mesmo disfarçado de outro tendem a ser desconexas – acho que propositalmente.

Então, pode-se dizer que sigo fielmente a lei, pois sempre verifico se o mesmo encontra-se parado no andar, mas isso não a exime da sua deficiência. Quero dizer: Tá! Verifiquei que o mesmo ali está. Inclusive, muitas das vezes, pegou o elevador comigo. Mas e aí? Que eu faço depois? É como se botassem uma placa do tipo: “admirem este jardim”. Ahã (concordância)...

Ah! Cansei de tentar entender as leis dos homens. Pelo menos, hoje em dia, tenho o consolo de ser sempre surpreendido pela aparição do mesmo que agora ,compartilhando eu do seu segredo, tornou-se um velho conhecido.

Alguém tão versátil e plural é sempre uma companhia estimulante - mesmo que me trate da mesma forma que qualquer outro.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Prosa poética nº 1 de 25/05/2005

É preciso entrar na toca do coelho, se perder no espaço vazio. Descobrir quão fundo o buraco é.

Fui iluminado pela sequidão da rocha, e a vultuosa beleza de seus sulcos. Descobri que o espaço de nossos ombros, acostando as cabeças de um e outro, são uma vastidão recíproca. Transporte. É preciso ser jogado de frente a qualquer lado, e tão rápido, que se imagina ainda estar lá atrás, quando na verdade já se está aqui.

Hoje uma árvore, a qual não sei o nome - não se sabe mais nome de árvores, flores ou pássaros – fez questão de despencar inúmeras folhas e pétalas ao vento, bem na minha frente, quando lhe desferi a visão. E a tarde que era cinza e fria, continuou cinza e fria, só que um pouco mais bela.

É preciso uma higiene espiritual que nos lave do dia-dia. Um psicotrópico poderoso. Uma fuga, mas não do caminho certo, apenas do mais corriqueiro. Lembrei do som do teu riso e acabei rindo também, dentro de mim. Dá-se importância ao que não importa, e esquece-se do importante. Agente sabe, quando está sozinho ao lado daquele alguém, o segredo do Universo. É tão simples! O problema é querer poluir-lhe com palavras.

Dormir é estar ciente de tudo. Quero todas as pessoas. Teu olhar embriagante – eles não sabem de nada. Fico sem déu entre as notas, acordes e cadências. Parece uma escada que sobe muito e bastante. Em cada ponta de seus dedos, uma unha. Esmalte. Meu coração agora só fala, esqueceu-se de bater. Perdeu sua função. Que maravilha! Um coração que não mais SERVE, agora DITA.

Porque das cores? Quão absurdas elas são! Visões, manchas. Tenho que teclar essa infinidade de botões até ocupar toda a memória do computador. Vamos subverter colorido. Viva o absurdo, o ignóbil!

Ah... Descansa agora. Contempla, olha, para, escuta e vê. Não filtra nada. Não percebe o tempo. Eterno momento. Toque. Existe outro ser que também te sente quando tocas alguém. Vida! É também absurdo... Calor de um corpo. Algo queima dentro das pessoas. Química. Elementos, condições e situações.

Será que pode-se falar, de qualquer forma, em acaso? Não será também destino tão impossível quanto? Não é que se viu tanta coisa e nem fomos tão fundo quanto a raízllksdlaskdç alksdçaslkdjçalskdfjlçaskdfçalsk djçalsdkjfçlaksdjfçalskdjfçlasdkfjçalskdf

Çlakdsjçaslkdlçksdlklsdjçslk dlsakdjlçklsdlsdkaslçdkflçasdklaskdfçlaskldas lçkçalskldslakdjsadlçkfjsdlçdk çlakdaçlsdkj s çlkds sdsdlk lkd fjkdl kd kdçça dkfj lakdjf akdkfjdkfd jkdoakfala dla a lça çalk fçadç pad pasdpdpodpsdfpodop fjçdkaj~~]sldj~p a~~lççsjd çdçllçk fkdjfjaç d d dç aççaççaçdofpaowe apõasç~çççãsdja~pwppowee oddsç çdçlakf aspõa poawpo wpãjd spsd sdpsd sdpõsdpõa ã ap~dpo aõdvpãsd addp asspo pooas ppoaaps asddposdposadp~jvm papwpwejiopuhae ã apov p~pa~v~çasdjv~vãsd~.

Viu como são limitadas as palavras? Ademais são só um desenho; ainda não for intencional, frustram-se qualquer pretensão de ser qualquer tipo daquilo que chamam arte. Parece haver uma necessidade entre comunicação e arte.

domingo, 29 de julho de 2007

Pool Party - Itú julho/2007


Pool Party - Itú julho/2007, upload feito originalmente por Vina Assano.

Aha!
Estamos integrados com o flickr tb...

março/2006

Eu sou a faixa preta e amarela que isola a cratera onde explodiu um homem-bomba.
Eu sou um hack que de tão descuidado, resta empoeirado;
E abrigo no meu ventre uma televisão e um vídeo K7 frios, eletrônicos e esquecidos.

Eu sou a pétala murcha, de flor que não se sabe mais qual era, sem nenhum esplendor.

Eu sou a cinza longa que ainda não caiu do cigarro que não foi fumado, na mão de um qualquer sentado numa poltrona, num quarto, que só não é mais vazio que seu habitante.

Eu sou os olhos que enxergam mas nada vêem.

Eu sou o marrom das vísceras expostas de animal morto na estrada.

Eu sou a não brisa num dia quente.

Eu sou o inimigo da beleza.

Eu sou o fio que entra na parede e se perde pela casa.

Eu sou a caneta falhando
Os preços subindo
e o mundo se acabando

Eu quase não sou...

sábado, 28 de julho de 2007

02/06/2007

Cor

Brilho

Dimensões definidas pela extensão da vontade

Plano

Planos

O sentido em si mesmo e a total falta de substância

...antes dois, depois um...
...antes um, depois dois...

Luz que são as próprias coisas,
e toda sorte de ruídos e impressões que com elas vêm

Já faço parte disso também

Me aposso do mundo e todo ele pulsa comigo

Muda quando respiro

Sim/Não: as ferramentas da experiência real

Que outro?

sexta-feira, 27 de julho de 2007

02/06/2007

Queria te escrever uma flor bela
Daquelas que transportam imediatamente
e fazem crer em sentido, harmonia e amor

Queria te escrever um gesto
Daqueles que imobilizam
silenciam
apaziguam

Queria te escrever um abraço
Daqueles de esperanças sustentáveis
de retorno
de finalidade

Queria te escrever um sorriso

Te presentear com aquilo que não espera,
e por isso,
o melhor possível

Se pudesse te daria o aqui e o agora,
e não-aqui e fora do tempo também.

Se pudesse dar tudo o que queria
me apagariam todas as paixões
E poderia existir em ser

Sentir muito

Tudo

A divisão: a maior abstração

quinta-feira, 26 de julho de 2007

11/03/2007

Que me comove tanto o teu sorriso
Que me intriga tanto as linhas de teu pescoço escondidas por teu cabelo
Que me redime a profundidade do teu olhar
E lá no fundo,
amor infinito

Que me assombra tanto a lembrança do teu beijo
Que me deixa saudoso o gosto de teus lábios e língua
Que me admiro tanto da singularidade do teu ser

De suspiro liberta toda emoção que o corpo não mais pode conter
De risada afasta toda a sombra do mundo num instante sem tempo

Te amar, minha vocação
Te adorar, minha tarefa

Descobri um tesouro que é de toda a humanidade
E ainda assim,
desejo tê-lo só para mim

É por esse egoísmo meu drama

Tens a natureza de um rio
que é jóia que não se enclausura

Todas as coisas belas sussurram alguma parte do teu nome
E quem entender essas coisas belas, compreender-te-á

Mas que à mim tudo isso é muito misterioso
E me apaixono pelas possibilidades de ti

Tudo pulsa
Tudo vibra
Tudo emana

Agora,
pulsa mais
vibra mais
emana mais.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Causação livre

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O Jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!